Mulheres na Engenharia: conheça a trajetória da arquiteta Barbara Kemp

A arquiteta Bárbara Emília Kemp Dugaich Auto, 43 anos, não colocou somente o nome no negócio que desde 2006 tem sido o foco de seus esforços profissionais. Diretora técnica da Kemp engenharia, projetos e gerenciamento de obras, ela moldou a empresa a partir da própria personalidade, priorizando a organização, a objetividade e a clareza nos processos. “Certo é certo, regra é regra”, resume.   

Formada em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Bárbara tem uma relação com a construção que antecede a própria formação. Passou a se interessar pelo setor ainda na infância, quando acompanhava o trabalho dos tios em obras na Praia Grande.  

Apesar de a mãe sugerir que fizesse o curso Técnico em Telecomunicações, ela optou pelo Técnico em Edificações. “Eu queria fazer parede, instalações na prática. A arquitetura foi uma consequência disso”, relembra.   

A estruturação da Kemp exigiu muita mão na massa e determinação. Entre 2006 e 2009, nos primórdios da empresa, ela e o marido, Rogério Moraes, viveram em Fortaleza (CE). E foi no nordeste brasileiro que desbravaram os primeiros clientes, percorrendo estados da região e economizando ao máximo para tornar o sonho do negócio próprio algo real e viável.    

Os dois dormiam em aeroportos e rodoviárias, carregavam o computador de um lado a outro – não tinham notebook para as andanças – e chegaram a viver em uma casa sem geladeira por conta de demora na entrega da mudança que havia saído de São Paulo.    

Mas o esforço foi recompensado. Aos poucos, o portfólio foi se ampliando, com a chegada de contas mais robustas como Santander, O Boticário e Renner. O retorno à capital paulista, que se tornaria inevitável, acabou ocorrendo em 2009.   

Reinvenção em meio à crise   

Bárbara viveu dias promissores com a Kemp até meados de 2014, quando se encerrou um contrato que representava 40% do faturamento da empresa. Foram necessárias demissões e uma reestruturação, com metas no calendário e um esforço coletivo. A equipe, que chegou a contar com cerca de 160 profissionais, foi reduzida a apenas 30.   

Um ano antes deste baque, Bárbara já havia determinado a expansão da área comercial e, de alguma forma, isso ajudou a encarar o período difícil, porque a empresa conseguiu vislumbrar mais clientes e participar da feira Latam Retail Show, apresentando a Kemp ao varejo. A recuperação se consolidou em 2017.   

“Foi uma crise muito doída, mas fez a gente se reinventar. Saímos de uma concentração do faturamento de 60% em um cliente e outros quatro. Passamos a uma concentração máxima de 15% e temos mais de 50 clientes”, explica Bárbara. “Nos reinventamos e apostamos em tecnologia, mas nos mantivemos vivos também porque, no auge da rentabilidade, guardamos dinheiro e nos preparamos para a crise”, conta a empresária.   

Endurecer, sem perder a ternura   

O temperamento forte da diretora da Kemp também norteia o trabalho da equipe. Muito à vontade com planejamentos e processos, ela exige esse tipo de foco dos colaboradores, além de organização e transparência. Isso não quer dizer que, na correria do dia a dia, a empresária não abra espaço para a descontração.  

Pelo contrário, o ambiente acolhedor, amigável e solidário é uma peça-chave nos propósitos da Kemp. “Sempre buscamos um ambiente divertido para equilibrar com a pressão de prazos e pedidos de clientes”, diz.  Ela faz questão de conversar com os funcionários, para conhecer histórias de vida, expectativas e potencialidades. O espaço para o diálogo e a troca está sempre garantido na empresa. 

Ano passado, durante a Latam Retail Show, a empresa lançou a Akademia Kemp, inicialmente com foco em cursos técnicos. Depois de vários encontros com as equipes repensou a estrutura da aKademia. A ideia é ampliar os conhecimentos dos funcionários a partir das necessidades dos projetos fechados pela Kemp.   

Bárbara é uma entusiasta da qualificação permanente e da diversidade na equipe. Ela entende que é o conhecimento intelectual dos funcionários e a variedade de pontos de vista que enriquecem o trabalho.  

“A diversidade, seja do que for, serve para completar as lacunas, completar as equipes e, dentro da equipe, termos um grupo coeso, com vários profissionais de diversos pontos de vidas e diversas competências socio-comportamentais e técnicas”, afirma a fundadora da empresa. “No caminhar, a gente não faz nada sozinho, somos sempre um time. Sem as pessoas, não há empresa”.